quarta-feira, 28 de julho de 2010

Como ser gestor de sua própria carreira

O mundo organizacional carece de talentos. Partindo dessa máxima, necessário se faz que o colaborador adote definitivamente o papel de gestor de sua carreira, assumindo a responsabilidade de conduzir de forma estruturada e consciente seu plano de carreira, etapa por etapa. Esta necessidade foi potencializada no Brasil a partir de 1990, ano que nos inserimos de forma mais efetiva no “mundo globalizado”.

As empresas tiveram que rever a gestão de pessoas, processos e clientes, em contrapartida, os indivíduos foram conduzidos – ou estimulados – a repensar a estratégia conducente para melhor gerir suas competências. Entretanto, ainda é possível identificar pessoas que resistem ou mesmo não se percebem como responsáveis por este processo, atribuindo à empresa ou aos gestores a responsabilidade por suas carreiras.

Charles Handy (2001) afirma que a verdadeira revolução social é a mudança de uma vida amplamente organizada para nós, para um mundo no qual somos todos forçados a estar no comando de nosso próprio destino. Na mesma direção, Dutra (2004) traz uma reflexão sobre a dificuldade que as pessoas têm em pensar na própria carreira e assumir a autogestão do desenvolvimento. Abaixo listo seis etapas que considero importantes no momento de organizar a carreira. Confira!

Etapa 1 - Autoanálise
É um mergulho em si mesmo. É o autoconhecimento proposto por Sócrates no “conhece a ti mesmo”. Os itens que podem nos guiar nesta autoanálise são: competências, valores, crenças, talentos, medos, âncoras de carreiras (Edgar Schein), perfil psicológico e sonhos. Neste percurso, uma dica que pode potencializar sua construção é focar nos pontos fortes e talentos, e minimizar ou neutralizar os pontos fracos.
Alguns focam nos pontos fracos e estes raramente se transformam em pontos fortes (Buckingham & Clifton 2008). Esta etapa é importantíssima, pois pelo autoconhecimento é possível identificar carreiras e papéis que têm aderência maior com a forma de ser de cada um. Uma segunda dica é: se você está com dificuldade de caminhar e encontrar respostas, não se furte de procurar um conselheiro, coach, mentor, amigo, gestor etc.

Etapa 2 - Oportunidades e ameaças
Que acontecimentos ou situações são oportunidades ou ameaças para a carreira escolhida? Um risco desta etapa é focar o olhar apenas para os acontecimentos mais próximos (cidade, empresa, departamento, área, “mesa de trabalho”, por exemplo). Uma dica é: amplie seu círculo de relacionamentos. Conversar somente com os colegas de trabalho que sentam “ao lado” pode empobrecer esta análise. Aproveite as competências – visão sistêmica e visão estratégica – nesta etapa.

Etapa 3 - Objetivos e metas
Fazer escolhas, focar e “pagar o preço” são as regras básicas. É importante fugir das iscas: remuneração, status, pressão de amigos e familiares. É relevante considerar as etapas anteriores na definição desta. Pode parecer óbvio, entretanto é possível encontrar com frequência pessoas que odeiam o que fazem e subsistem nesta situação, e o pior é quando são promovidas neste local. É elevado o grau de sucesso quando alguém tem paixão pelo que faz.

Etapa 4 - Formulação das estratégias
Considerando a competitividade, uma dica é: seja criativo na construção de suas estratégias de carreira. Veja a realidade por outros olhos. É sempre bom lembrar que: “Estratégia sem ação é ser Sonhador. Ação sem estratégia é ser esforçado. Ação + estratégia é ser Realizador”. O comum é encontrar muita gente esforçada, que trabalha até domingo e obtém resultados pequenos ou frustrantes.

Etapa 5 - Implementação
Em face dos desafios, contradições e exigências do mundo corporativo, as atitudes potencializam o sucesso que o indivíduo alcançará na carreira. Algumas das atitudes indispensáveis são: disciplina, persistência, resiliência, flexibilidade, entusiasmo, dinamismo, humildade, ética. Procurar culpados e parar ou “estacionar” na busca dos objetivos é o que mais facilmente se encontra no mundo corporativo.

Etapa 6 - Controle
O controle é o velocímetro que sinaliza ou monitora o quanto se está próximo ou distante dos objetivos traçados para sua carreira, é também o elemento permissível para adaptações necessárias.
Parafraseando Nelson Mandela, devemos ser “senhores do nosso destino e capitão de nossas almas”. Somos responsáveis pela realização de nossos sonhos e felicidade.

Cláudio Queiroz (Professor de pós e MBA da FAAP, FGV e FIA. Autor do livro: As Competências das Pessoas. Potencializando seus Talentos. Editora DVS, 3º edição.)

HSM Online (http:br.hsmglobal.com) - 26/07/2010

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