Gosto dos vencedores. Acredito que podemos aprender com eles.
Os vencedores são símbolos de superação, dedicação e luta. Por isso, colhem os frutos da vitória e do merecimento.
Apresento a vocês um vencedor: Vladimir Kramnik, enxadrista russo.
O estilo de jogo de Kramnik é prudente e extremamente precavido, semelhante a Anatoly Karpov (veja postagens anteriores), o que faz com que perca um número reduzido de partidas.
Em 2001, conseguiu derrotar o lendário Garry Kasparov, sendo até hoje o campeão mundial de xadrez pela WCC (Conselho Mundial de Xadrez), que é uma entidade dissidente da FIDE (Federação Internacional de Xadrez), órgão máximo do xadrez mundial.
A seguir Vladimir Kramnik fala sobre uma doença degenerativa que o acomete (fonte: www.clubedexadrez.com.br)
Vladimir, antes de passarmos ao nosso tópico central, o match contra Deep Fritz, gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre assuntos gerais, como a sua saúde. O que houve?
Sinceramente, não gosto de falar sobre esse assunto, e possivelmente não o faria agora, mas há muitos rumores correndo por aí, como você deve saber, então acho que devo. Aids e câncer estão entre as coisas mais simples que correm por aí, e assim acho que agora é hora de revelar ao público qual o real problema: ankylosing spondylitis, uma doença reumática que causa artrite na espinha e juntas sacro-ilíacas e freqüentemente inflamações dos olhos, pulmão e válvulas cardíacas.
Quando começou?
Começou realmente há poucos anos, logo após 2000, mas foi diagnosticada definitivamente só há cerca de três anos. Em 2001 eu tinha inflamações ocasionais e dor, mas eram suportáveis. Não agradáveis, mas suportáveis. Inicialmente não dei atenção, mas começou a piorar. Os médicos disseram que eu precisava me tratar e que era hora de acabar com isso de uma vez.
Como isso afetava sua performance, durante um jogo ou torneio? Você começava se sentindo bem e então ficava cansado ou algo assim?
Não, isso não se relaciona aos torneios. Você simplesmente não se sente bem nem antes, nem durante e nem depois do jogo... Simplesmente dói, tudo simplesmente dói. É artrite, inflamação das juntas. Em um período de crise, muitas articulações são particularmente dolorosas, permanentemente. Assim, você tem de tomar um monte de analgésicos e anti-inflamatórios, que lhe deixam dopado. E eles não aliviam a dor completamente, apenas diminuem.
Precisei de algo assim também, algumas vezes. São remédios muito agressivos, simplesmente me nocauteavam. Lembro-me que da última vez poucas horas depois de acordar já estava caindo de sono novamente...
Você provavelmente tomou apenas um. Eu tinha de tomar 4 ou 5 ao dia. Assim, você pode imaginar como me sentia durante a Super-Final em Moscou. Nós tínhamos um lugar onde podíamos repousar e eu estava louco pra fazê-lo, o tempo inteiro. Mas sabia que se eu o fizesse, estaria fora em um minuto.
Terrível...
Sim, a doença em si não é perigosa - ela não encurta sua vida, nem nada assim. Ela é simplesmente incômoda e dolorosa. E quando você sente dor por semanas e semanas, isso se torna algo deprimente.
Quanto tempo durará o tratamento? Quanto tempo até você poder dizer que está em plena forma novamente?
O sistema do tratamento faz com que eu tenha de visitar meus médicos com freqüência e continuar tomando um coquetel de medicamentos. Não sei por quanto tempo isso durará. Para alguns há um grande progresso em poucos meses, para outros dura meio ou até um ano. No meu caso, diria que já estou muito melhor que em novembro ou dezembro, mas ainda estou longe de estar totalmente são.
Em setembro de 2006 Kramnik enfrentou o búlgaro Vaselin Topalov pela unificação dos títulos mundiais (FIDE e WCC). O match foi vencido pelo búlgaro, que se sagrou campeão e atualmente é o jogador com maior pontuação. No final de 2006, Kramnik enfrentou o computador Deep Fritz e foi derrotado, perdendo 2 partidas e empatando 4.
Não se sabe qual a influência da doença no rendimento de Vladimir Kramnik. O blog faz votos de que ele possa voltar a competir em alto nível.
O vídeo a seguir mostra a vitória de Kramnik sobre Kasparov.
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